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Como nova espécie de dinossauro foi descoberta ao analisar ossos esquecidos em museu

Ossos foram levados há mais de 100 anos da Bahia para Londres e esquecidos - até agora

Publicado em: 24/04/2024 às 12h:36 Última atualização: 24/04/2024 às 12h:37
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Uma nova espécie de dinossauro foi descoberta – e é do Brasil. Não apenas isso, mas a ossada faz parte das primeiras encontradas na América do Sul, desenterradas por naturalistas britânicos entre 1859 e 1906. Embora tenham sido levadas do País – e esquecidas -, foram retiradas na Bacia do Recôncavo, na Bahia.

Ossos foram levados para a reserva técnica do Museu de História Natural de Londres há mais de 100 anos | abc+



Ossos foram levados para a reserva técnica do Museu de História Natural de Londres há mais de 100 anos

Foto: Museu de História Natural de Londres/Divulgação

Os resultados foram publicados neste mês de abril no periódico científico Historical Biology, fornecendo novas perspectivas sobre a evolução e diversificação dos dinossauros, além de destacar a necessidade de preservar coleções históricas para o avanço da ciência.

Na época, os ossos foram levados para a reserva técnica do Museu de História Natural de Londres, onde foram esquecidos. Isso até uma paleontóloga brasileira percebê-los.

Fazendo doutorado em Londres e pesquisando no museu, Kamila Bandeira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), se deparou com os fósseis e começou a analisá-los. Acabou tendo que deixar o material de lado para se dedicar ao tema do doutorado.

“Em 2020, com a pandemia, trancada em casa, recuperei as fotos que tinha feito e comecei a analisá-las”, contou a paleontóloga. “Percebi que além da importância histórica, de ter sido o primeiro achado da América Latina, tratava-se de uma nova espécie de dinossauro.”

Trabalhando com a pesquisadora Valéria Gallo, também da UERJ, Kamila batizou a nova espécie de Tietassaura derbyiana, em homenagem à personagem Tieta do Agreste, do livro homônimo de Jorge Amado, e ao geólogo e naturalista Orville A. Derby, fundador do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, um dos pioneiros da paleontologia brasileira.

Tietassaura derbyiana

Essa nova espécie que viveu no Recôncavo Baiano é a primeira achada no País pertencente ao grupo dos ornitísquios, uma ordem de dinossauros herbívoros caracterizados pelo focinho em forma de bico e por uma estrutura de pélvis que se assemelha à das aves. Os integrantes mais famosos desse grupo são o tricerátops e o estegossauro.

Tieta, para os íntimos, tinha de 2 a 3 metros de comprimento, o tamanho de um carro de porte médio mais ou menos. Não se sabe de fato se o espécime encontrado era do sexo feminino, mas as duas pesquisadoras resolveram desafiar a regra não escrita de que todo fóssil deve receber um nome masculino.

“Os achados descritos nesta pesquisa representam, não apenas uma das faunas de dinossauros mais diversas deste intervalo de tempo, mas também uma descoberta histórica importante”, ressalta Kamila.

“As ocorrências de dinossauros em depósito Pré-Barremiano, ou seja, de cerca de 130 milhões de anos atrás, são raras, mundialmente falando, e consideradas produto de uma escassez global de depósitos continentais desse período.”

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