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ECONOMIA

Como a missão de Lula à China pode afetar o setor calçadista no Brasil

Quase 30% das exportações do País vão para o mercado chinês. No setor calçadista, foram enviados à China, em 2022, 1 milhão de pares

Juliana Dias Nunes
Publicado em: 12/04/2023 às 11h:30 Última atualização: 04/03/2024 às 10h:14
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A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China trouxe expectativas para o mercado brasileiro. Lula embarcou na terça-feira (11) para o país asiático em uma viagem que se estenderá até sexta-feira (14) e contará com encontros de lideranças sindicais e reuniões bilaterais com as principais autoridades chinesas, entre elas o presidente Xi Jinping.

Setor calçadista é afetado com a prática do dumping



Setor calçadista é afetado com a prática do dumping

Foto: Juliana Nunes/GES-Especial

A China é o principal parceiro comercial do Brasil. Quase 30% das exportações do País vão para o mercado chinês. No setor calçadista, foram enviados à China, em 2022, 1 milhão de pares, representando mais de US$ 7 milhões. As importações chinesas representam ainda mais, foram mais de 10 milhões de pares para o Brasil no ano passado.

Embate

A China é relevante para a economia brasileira, no entanto, no setor do calçado existem entraves que prejudicam a produção nacional e têm afetado a empregabilidade na indústria com a “invasão” de pares chineses no Brasil. A expectativa é de que a missão presidencial possa melhorar este cenário.

Um dos problemas é o dumping – quando o preço praticado no mercado externo é menor do que o praticado no comércio interno. “Quando falamos da China, ou de países vizinhos a ela, precisamos estar atentos às práticas desleais de comércio internacional, o dumping, ao não cumprimento de boa parte dos acordos de direitos do trabalho preconizados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e às regras básicas de produção em acordo com os preceitos de ESG”, alerta o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira.

A Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) vê a China como aliada estratégica, mas também está atenta às práticas desleais. “Conhecidamente, muitos dos exportadores chineses praticam preços abaixo dos trabalhados no seu mercado doméstico”, afirma o gestor de Mercado Internacional da Assintecal, Luiz Ribas Júnior.

Desequilíbrio na balança comercial

Ferreira lembra que a China é responsável por mais de 50% da produção mundial do setor e por quase 70% de suas exportações. “Ilustrando o desequilíbrio da balança comercial entre Brasil e China no setor calçadista, elaboramos um relatório que aponta que, nos últimos seis anos, as importações de calçados chineses aumentaram mais de 90%, enquanto nossas exportações para lá aumentaram pouco mais de 7%”, avalia o executivo da Abicalçados.

No setor de componentes, a China é o principal destino das exportações brasileiras. No primeiro trimestre deste ano, a China importou o equivalente a US$ 9,8 milhões em produtos verde-amarelos, 84% menos do que no mesmo período do ano passado. De acordo com a Assintecal, o dado reflete um ajuste do mercado internacional, com o retorno da China após um período de restrições à indústria local em função da política de Covid Zero.

A expectativa é de que mais de 20 acordos sejam assinados na viagem

A visita à China promete ser uma das mais importantes viagens internacionais do presidente neste começo de mandato.

A programação oficial começa nesta quinta (13) em Xangai, quando Lula participa da cerimônia de posse da ex-presidenta Dilma Rousseff no comando do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco de fomento dos Brics, bloco formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. À tarde, se reúne com empresários e à noite viaja para Pequim. A expectativa é de que mais de 20 acordos sejam assinados. Um deles para a construção do CBERS-6, o sexto de uma linha de satélites construídos na parceria bilateral. De acordo com o governo brasileiro, o diferencial do novo modelo é uma tecnologia que permite o monitoramento de biomas como a Floresta Amazônica mesmo com nuvens.

Em sua última entrevista antes do embarque, ao programa A Voz do Brasil, Lula destacou o propósito da viagem.

“O que nós queremos é construir parceria com os chineses, fazer sociedade com os chineses, para que eles possam fazer investimentos em coisas que não existem, uma nova rodovia, ferrovia, hidrelétrica, uma coisa qualquer que signifique algo novo para o Brasil.” (Com informações da Agência Brasil)

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