FENÔMENO RARO
Cometa verde volta a se aproximar da Terra após 50 mil anos
Corpo celeste poderá ser observado a olho nu, mas apenas de locais com pouca interferência de luminosidade; saiba como acompanhar
Última atualização: 22/01/2024 14:36
Depois de 50 mil anos, o cometa C/2022 E3 volta a se aproximar do planeta Terra. Em fevereiro de 2023, o fenômeno raro poderá ser visto 'a olho nu' de todo o Hemisfério Sul. Também chamado 'cometa verde', ele já está de passagem por aqui e estará visível, principalmente, entre o sábado (4) e a sexta-feira seguinte, conforme o professor Carlos Fernando Jung, do Observatório Espacial Heller & Jung, do Vale do Paranhana.
"[O período] mais propício será a partir 4 de fevereiro, na direção norte e abaixo da estrela Capela. No dia 10, entre as 19 e as 21 horas, o cometa estará próximo ao planeta Marte e poderá ser melhor visto", antecipa.
No entanto, para conseguir admirá-lo sem o uso de binóculos, o observador precisa estar posicionado em locais sem muita interferência de luminosidade. É o que explica o astrônomo Luiz Augusto da Silva, da Rede Omega Centauri – grupo voltado à educação científica.
Outro fator que pode dificultar a visualização do cometa é a Lua Cheia, que atinge seu ápice no domingo (5). Além disso, os próximos dias devem ser de nebulosidade no Rio Grande do Sul, e as nuvens podem ser outro obstáculo.
Jung esclarece que esse corpo celeste tem aproximadamente um quilômetro de diâmetro e é constituído principalmente de gases congelados, rocha e poeira, que se tornam mais visíveis a olho nu quando estão mais perto do sol. "Isso ocorre quando seu gelo passa a se transformar em gás, formando uma nuvem de poeira ao redor dele".
O cometa também é chamado de 'cometa verde' porque sua composição química – gás carbônico e nitrogênio – emite luz verde, segundo Silva. Além disso, outra curiosidade destacada pelo astrônomo é que o fenômeno vem da Nuvem de Oort, limite final da influência gravitacional do sol.
A detecção do cometa foi feita pelo programa ZTF (Zwicky Transient Facility) em março de 2022, quando passava pela órbita de Júpiter. O registro foi feito por meio do telescópio Samuel-Oschin, localizado no Observatório Palomar, na Califórnia, nos Estados Unidos.
E depois?
Jung acredita que o cometa "possivelmente não passará mais e vai continuar sua trajetória para fora do nosso sistema solar". Em contraponto, Silva avalia ser impreciso afirmar que o cometa não voltará a se aproximar da Terra. "Ele está sendo observado pela primeira vez. Praticamente nem existia civilização na primeira passagem. Pode ser que o período orbital dele sofra alterações", justifica.