Diante dos avanços das investigações sobre uma tentativa de golpe de estado, visando evitar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em janeiro de 2023, uma cela foi preparada na sede do Comando Militar do Planalto. Conforme a Veja, o objetivo dos militares é se prevenir diante de possíveis prisões de oficiais de alta patente.
Isso ocorre por conta dos depoimentos de cinco oficiais-generais de quatro estrelas. Os militares devem depôr entre esta quinta (22) e sexta-feira (23). São eles: general Augusto Heleno (ex-ministro), general Braga Netto (candidato a vice-presidente em 2022), general Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro) e almirante Almir Garnier (ex-comandante da Marinha).
O fato é inédito no Brasil e generais deste nível não prestaram depoimentos nem no período após a ditadura militar. Além dos cinco citados, o general Estevam Theophilo também deve depôr, mas em Fortaleza.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi chamado para comparecer e prestar depoimento, no entanto, conforme a Folha de São Paulo, pretende permanecer em silêncio.
Preparo da cela
Segundo a Folha de São Paulo, generais ouvidos pela reportagem afirmaram que o prepara da cela foi feito porque generais não poderiam ficar presos no Batalhão da Polícia do Exército ou no 32º Grupo de Artilharia de Campanhas. Essas organizações não são comandadas por outros generais, portanto não recebem presos de alta patente.
Na visão do Exército, um general ficar sob custódia de pessoas com patentes inferiores, como coronéis ou tenentes-coronéis, pode gerar situações em que a hierarquia e disciplina são colocadas em xeque. Sendo assim, visando evitar problemas, as celas para eventuais prisões foram designadas para o Comando Militar do Planalto.
No entanto, fontes do Exército reiteram à Folha que a ação é apenas preventiva e há informações sobre prisões de militares que vão depôr no local.
Investigações
Conforme a Polícia Federal, o general Paulo Sérgio Nogueira colocau em dúvida a segurança das urnas eletrônicas.
O general Augusto Heleno foi chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e, durante o governo Bolsonaro, emitiu notas com ameaças de ruptura.
Já Braga Netto foi um dos principais alvos da operação da Polícia Federal. Mensagens de WhatsApp obtidas pelos investigadores mostraram o general articulando ataques nas redes contra os comandantes do Exército, general Freire Gomes, e da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior.
O general Estevam Theophilo é apontado pela PF por ter se reunido com Bolsonaro e concordado em executar as medidas que culminariam na consumação do golpe de Estado.
O ex-comandante da Marinha Almir Garnier foi delatado pelo tenente-coronel Mauro Cid como o chefe militar que teria apoiado os planos antidemocráticos apresentados por Bolsonaro, colocando-se à disposição para empregar a Marinha para cumprir ordens golpistas.
*Com informações da Folha de São Paulo
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