CATÁSTROFE NO RS: "Estou despedaçada", diz moradora que deixou o bairro Santo Afonso às pressas neste sábado

Já são mais de 3 mil desabrigados no Município e o abrigo disponível no momento fica na Fenac

Publicado em: 04/05/2024 13:14

Com as consequências da enchente, a Fenac, em Novo Hamburgo, tem sido moradia provisória de muitos moradores de Novo Hamburgo e seus animais de estimação. A auxiliar de produção Ângelis Moraes, 36 anos, seu filho Murilo dos Santos, 10, e sua companheira, a vendedora Paloma Pandolfo 27, e o "cãopanheiro" da família, o Paçoca de 5 anos, foram resgatados na manhã deste sábado (4).

Ao todo já são mais de 3 mil desabrigados no Município, principalmente dos bairros Santo Afonso, Canudos e Lomba Grande.


Murilo, Ângelis, Paçoca e Paloma Foto: Juliana Nunes/GES-Especial

"Estou despedaçada. Trabalhei na quinta-feira (2), a noite toda e não consegui nem descansar, virei a noite. A dor não é cansaço, é sofrimento. Meus pais me criaram na pobreza, eu com meu salário de operária demorei para ter as coisas, tinha comprado tudo novo. O que vai ser quando eu voltar? Não teremos mais nada", desabafa Ângelis.

Segundo Paloma, foi tudo muito rápido. "Ontem (3), a água não estava no extremo que atingiu hoje, estava longe. Tentamos sair antes, ficamos pedindo resgate desde 00h, acabamos sendo resgatados às 6 horas de hoje (4). Moramos em um pequeno prédio, no segundo andar, nunca tinha acontecido isso. Hoje (4), tivemos que sair pela sacada e nem deu tempo de pegar nada. A água ficou vindo de cima e de baixo, foi assustador", conta.

Murilo, que é apenas uma criança e tem autismo, não tem dimensão do que está acontecendo em Novo Hamburgo. Ele brinca com super-heróis e revistinhas. Paçoca está assustado pelo novo ambiente e fica o tempo todo com a família.


Nathálya e Sid no abrigo da Fenac Foto: Juliana Nunes/GES-Especial

A autônoma Nathálya Ribeiro, 21, também é moradora do bairro Santo Afonso. Ela foi resgatada pela Guarda Municipal na noite da última sexta (3), com a família e o gato Sid, na rua Planalto.

"Saímos de noite (3), com água já na cintura. Fomos resgatados de barco. Ficamos assustados e o Sid também. Nunca tínhamos passado por algo assim", relata.

O abrigo, segundo a autônoma, está sendo um refúgio neste momento angustiante. "Chegamos muito molhados e logo vieram nos ajudar. Isso dá esperança de que as coisas vão melhorar", comenta Nathálya que só teve tempo de pegar dois celulares e dois carregadores na casa.

"Nem sei como vai ser depois. Perderemos tudo e ainda teremos que ver se teve infiltrações nas paredes", lamenta a jovem.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
CategoriasBrasil
Matérias Relacionadas