FIOS CAÍDOS

Caso do motoboy que quase morreu ao ter pescoço cortado por fio solto é discutido por sindicato; entenda

Presidente do Sindimoto fala sobre alternativas para prevenir os casos

Publicado em: 18/12/2023 15:11
Última atualização: 18/12/2023 22:26

O acidente do morador de Campo Bom Lucas Gabriel Ramos da Silva, 31, que saiu para buscar um lanche no dia 7 de dezembro e teve o pescoço cortado por um fio solto na Rua Ícaro, em Novo Hamburgo, acendeu um alerta para a discussão do que pode ser feito para prevenir ocorrências como essa.


Lucas Gabriel Ramos da Silva teve o pescoço cortado por fio solto em rua de Novo Hamburgo Foto: Laura Rolim/GES-Especial

Conforme reportado pelo Jornal NH em maio deste ano, os cabos e fios de serviços de telecomunicações são um problema crônico vivido em praticamente todas as cidades. Sem solução por parte dos responsáveis, os cabos soltos em postes geram reclamações e perigos, mas as responsabilidades parecem não ser de ninguém.

Diante desta situação, além das manutenções para a retirada dos fios excedentes que deveriam ser feitas e não são, que outras soluções podem existir para que os motociclistas sejam menos prejudicados pelo problema?


Fios soltos causam transtornos a motociclistas Foto: PAULO PIRES/GES

De acordo com o presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais (Sindimoto), Valter Ferreira, a exemplo de outros estados, uma alternativa seria as antenas corta-pipa, que não foram inventadas para prevenir os fios, mas dariam mais proteção.

“Seria um pequeno alento. O fio é muito mais resistente do que uma linha, mas o impacto maior seria nessa antena. Provavelmente o motociclista também iria ao chão, mas talvez evitaria que alcançasse o pescoço. Nós entendemos que ele pode trazer danos físicos aos profissionais. O importante para nós é a vida dos motociclistas”, afirma.

Ferreira também ressalta que em Novo Hamburgo há uma regra em que os motociclistas são obrigados a cumprir uma série de itens obrigatórios, uma delas seria a própria antena. “Para que isso aconteça, eu volto na regra que o município tem que cobrar o curso, os itens de segurança. Infelizmente, parece que os motociclistas não são um interesse da municipalidade”, diz.

Também neste ano, uma ação do Grupo Pensando Novo Hamburgo entregou antenas para os motofretistas que se habilitaram através do curso de motofrete.


Antena corta-pipas Foto: Arte Gabriel Renner/GES

“Justamente pelo alto número de acidentes que nós fizemos essas entregas. Ele não é um equipamento caro, mas quando um motociclista passar em uma rua e tiver um fio caído, independente se for um fio de pipa ou de telefonia, ele vai jogar para cima do capacete, pois o fio bate primeiro na antena, salvando a vida do motociclista”, considera Rosana Opptiz.

Conforme comenta Rosana, ainda há antenas para doação, que estão sendo repassadas conforme o grupo é comunicado por interessados.

“A gente percebeu que, para suprir essa antena, muitos estavam, equivocadamente, fazendo de arame, e o risco é muito pior. Pois não está registrado pelo Inmetro e não tem garantia nenhuma de que não vá romper e causar um problema muito maior. Nós temos todo o interesse de atender, porque sempre aparece alguém acidentado. Nós temos dois problemas na cidade: um é os fios caídos, e o outro é dar garantia de vida de quem transita de moto”, avalia a coordenadora do Pensando.

Motociclista de São Leopoldo ganhou ação

Semelhante ao que aconteceu em Novo Hamburgo, uma motociclista de São Leopoldo também foi atingida no pescoço por um fio solto em uma via da cidade. De acordo com o advogado do caso, Manolito da Silveira, a companhia responsável pela rede elétrica havia sido informada dos fios caídos e estava ciente, mas não fez a retirada.

“Essa minha cliente passou pelo local, e como não estavam sinalizados os fios, ela se chocou e teve uma cicatriz no pescoço bem significativa. Por muita sorte ela não veio a óbito”, comenta o advogado.

O processo foi embasado na Lei Municipal de São Leopoldo, Nº 9.572"A", de 10 de maio de 2022, que diz: “Fica a pessoa jurídica, concessionária, permissionária ou terceirizada, responsável pelos serviços de energia elétrica, telefonia, televisão a cabo, internet ou qualquer outro relacionado ao uso da rede aérea, obrigada a realizar o alinhamento dos fios por ela instalados e a retirada dos fios e cabos não mais utilizados, dos postes cedidos a qualquer título pelo Município.”

A ação tramitou na Comarca da cidade e o juiz condenou a companhia a indenizar os prejuízos físicos e materiais pela moto, além do pagamento de indenização por dano moral.

“No nosso entendimento, esse valor é baixo pela gravidade do caso, e por isso nós recorremos da decisão. Esse processo ainda não finalizou e está em recurso. Mas a companhia já foi condenada, tantos dos danos materiais como dano moral”, explica Silveira.

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