AMÉRICA DO SUL
Carta-convite de Milei a Lula traz mudança de postura; veja o que diz futuro presidente argentino
Deputada eleita Diana Mondino entregou convite da posse ao governo Lula
Última atualização: 26/11/2023 20:16
O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, defendeu que seu país e o Brasil continuem a compartilhar áreas de complementaridade, ao nível da integração física, do comércio e da presença internacional.
A avaliação foi feita em uma carta-convite ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a cerimônia de posse no dia 10 de dezembro, que foi entregue pessoalmente neste domingo (26) pela deputada eleita Diana Mondino e futura chanceler do país vizinho ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. A organização da viagem foi feita sob sigilo.
Vieira disse que Lula ainda não tem ciência do documento e que o entregaria ao presidente ainda neste domingo. Não havia previsão de o brasileiro participar da posse, depois que o então candidato à presidência insultou Lula várias vezes durante a campanha.
Milei também convidou o ex-presidente Jair Bolsonaro. Após a entrega, conforme o chanceler brasileiro, serão analisadas as possibilidades de o mandatário comparecer ao evento. Bolsonaro já disse que irá a Buenos Aires que Lula, se for, será vaiado.
Na carta ao governo brasileiro, Milei diz que os dois países estão "intimamente ligados pela geografia e pela história" e que a continuidade dessa ação conjunta possa se traduzir em laços, crescimento e prosperidade para argentinos e brasileiros.
"Sei que você conhece e valoriza plenamente o que este momento de transição significa para o percurso histórico da República Argentina, de seu povo e, naturalmente, para mim e para a equipe de colaboradores que me acompanharão na próxima gestão do governo", escreveu.
"Ambas as nações têm muitos desafios pela frente e estou convencido de que uma mudança econômica, social e cultural, baseada nos princípios da liberdade, irá posicionar-nos como países competitivos nos quais os seus cidadãos poderão desenvolver as suas capacidades ao máximo e, assim, escolher o futuro que desejam", completou.
Ao final da carta, Milei diz que espera que a passagem pela posse seja uma etapa de trabalho frutífero e de construção de vínculos entre os países. "Esperando que você possa, me encontre nesta próxima ocasião, receba meus cumprimentos, com estima e respeito."
Fortalecimento do Mercosul
O ministro brasileiro Mauro Vieira disse que trabalhará com o novo governo argentino a partir da perspectiva de que o país vizinho buscará fortalecimento do Mercosul.
A declaração foi dada após reunião com Diana Mondino neste domingo. "Mondino disse que quer um Mercosul maior e mais forte. Para mim o que vale é isso. Vamos trabalhar com esse governo até o final do mandato e depois com o novo governo", disse Vieira.
Sobre a entrada da Argentina no Brics, Vieira disse que, a despeito de dúvidas externalizadas por membros do futuro governo, o apoio do Brasil à entrada se deu por interesse brasileiro e equilíbrio da representação geográfica no bloco, mas que a decisão agora é do novo governo. "Ainda há todo um processo de adesão", afirmou.