Apesar dos preços inflacionados, os carros seminovos e usados estão em alta no Brasil. É o que mostram os números. No acumulado do ano, as vendas de 2024 já superam as de 2023. Conforme o relatório da Federação Nacional dos Revendedores de Usados, a Fenauto, entre janeiro e agosto as vendas superaram os 10 milhões de veículos.
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Ao todo, foram 10.238.396 modelos seminovos e usados vendidos no período. Uma alta de 8,4% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram negociadas 9.444.206 unidades.
“Os resultados positivos estão dentro do previsto pela nossa entidade. Teremos eleições em outubro, o que pode provocar algum impacto nas vendas, mas continuamos acreditando na manutenção desse movimento positivo até o fim do ano”, afirma Enilson Sales, presidente da Fenauto. Conforme Sales, a expectativa é fechar o ano com algo em torno de 15,5 milhões de modelos.
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Envelhecimento da frota
O recorde de vendas é bom para a economia, faz os estoques “girarem”. Mas a situação esconde problemas, como a idade média da frota. Como o carro 0-km está muito caro, o jeito é comprar modelos mais velhinhos.
Cerca de 1/3 do montante vendido tem idade superior a 13 anos, apontam estudos. Além disso, entre os dez carros mais vendidos, por exemplo, seis já estão fora de linha. E a maioria sequer tem opções de seminovos (com três anos de uso), porque já deixaram as linhas de produção.
Usado na troca
Hoje, o interessado em comprar um Renault Kwid 2021, por exemplo, precisa de ao menos R$ 50 mil. Para justificar a situação, o presidente da Fenauto explica que “os veículos usados estão sobrevalorizados, especialmente nos últimos meses, por um motivo muito simples: o giro dos estoques das lojas”. Com um fluxo cada vez maior, é necessário comprar mais rápido (para repor o estoque), e isso exige oferta melhor. Ou seja, se a loja comprou mais caro, vai repassar ao cliente.
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Preços salgados
Para Milad Kalume Neto, consultor independente e especialista em mercado automotivo, os carros 0-km estão com valores tão altos que o mercado de usados está “bombando”. Assim, seguindo a lei da oferta e da procura, os preços sobem. “O aumento acontece por causa da maior procura pelos usados. E isso acontece em todos os segmentos, que vão de seminovos aos modelos mais antigos”, resume.
De acordo com Neto, “essa movimentação está ocorrendo por causa dos preços exorbitantes dos carros novos”. “Se analisar, R$ 72 mil em um carro novo é um valor demasiadamente alto. São mais de 50 salários mínimos”, completa.
Para o especialista, há ainda outros complicadores, como, por exemplo, falta de crédito e taxas de juros elevadas. “Isso inevitavelmente faz muitos buscarem o mercado de usados”.
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