O poder público e a população de Canoas, assim como o país inteiro, enfrentam um grande desafio: aplacar a proliferação do mosquito Aedes aegypti e diminuir o número de casos de dengue, que vêm crescendo de forma expressiva. Canoas registra 262 casos confirmados da doença.
De todos os casos detectados no município, 257 são autóctones (transmitidos dentro da cidade), cinco são importados e 168 desse total foram detectados no bairro Estância Velha, onde a Secretaria Municipal da Saúde tem concentrado as ações de pulverização semanais. O intuito é impedir que o surto epidêmico se espalhe para outras regiões da cidade.
A segunda localidade com maior incidência é o Guajuviras, com 38 casos, apenas um importado. Nos demais bairros, os casos são isolados, mas preocupam tanto quanto os outros. Além da pulverização na área com surto, se em outra determinada localidade um caso é identificado, uma equipe é deslocada imediatamente para pulverizar o local e arredores e desta forma evitar que o mosquito saia do quadrante.
O veterinário e técnico da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde Roger Halla comenta que é difícil eliminar o Aedes aegypti por completo, mas é fundamental que haja um nível de infestação baixo, para uma convivência harmônica com o vetor, com um quantitativo que não gere problemas.
“Os atuais índices de infestação estão muito altos e uma das razões são as alterações climáticas. De um ano para cá, os surtos vêm crescendo muito. Desde 2016 há uma crescente de pequenos surtos, sempre localizados em algum bairro”, comentou. Ele explica que o trabalho das equipes nas ruas consiste em formar um cinturão de bloqueio nos locais de risco, tentando blindar para que a situação não tome proporções maiores. Halla destaca que a principal ação de combate é a pulverização. “Essa é a ponta do iceberg. O principal trabalho é entrar na residência, orientar o proprietário e eliminar o criadouro”, ressaltou.
Ajuda da população
As ações da população no combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti são essenciais, mas uma parcela parece não estar ciente da atual situação. Conforme a supervisora dos agentes de combate às endemias, Denis Garcia Kenes, em muitas residências as pessoas desconhecem que há um surto na cidade e não acreditam na pulverização.
“Uma parte das pessoas imagina que precisa ter fumaça e a que usamos não faz, é por micropartículas”, explica, informando que em muitas casas os focos são eliminados e quando a equipe retorna, a situação encontrada é a mesma de antes.“Lixo no pátio e potes com água suja”.
Prefeitura cria comitê
Nesta quarta-feira (21), a Prefeitura de Canoas criou o Comitê de Enfrentamento das Arboviroses (doenças transmitidas pelo Aedes aegypti), durante um evento realizado na Ulbra, que contou com a presença de autoridades municipais e de representantes da comunidade, bem como cerca de 300 agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias, que participaram de um momento de sensibilização e de conscientização, com o veterinário e técnico da Vigilância em Saúde/SMS de Canoas, Roger Hall.
A proposta do comitê é criar uma força-tarefa multidisciplinar, engajando diferentes setores da administração pública e da sociedade em ações efetivas de enfrentamento à dengue, atuando na prevenção, controle e conscientização. “Essa semana estive acompanhando o trabalho de pulverização no bairro Estância Velha.
Precisamos garantir uma rápida resposta ao crescente número de casos da doença na nossa cidade”, salientou o prefeito em exercício Nedy de Vargas Marques, que assinou a criação do Comitê. Representantes da Fundação Municipal de Saúde, dos três hospitais da cidade, UPAs, entidades empresariais e comerciais participam da comissão. “Queremos envolver todos os canoenses, Base Aérea de Canoas, estudantes, instituições religiosas e comerciais nesta campanha de prevenção”, disse o secretário municipal da Saúde, Jurandir Maciel, coordenador do comitê.
Pulverização é prioridade para eliminar os focos
De acordo com o secretário municipal da Saúde, Jurandir Maciel, a principal ação de combate ao mosquito da dengue em Canoas continuará sendo a pulverização nos locais de foco do Aedes aegypti. Além dessa ação, o secretário fala na contratação de dois médicos para o atendimento específico, na UPA Boqueirão e no Hospital Nossa Senhora das Graças.
Ele comenta ainda que um material impresso, com orientações sobre como evitar a proliferação do mosquito, começará a ser entregue nas residências e um outro impresso informativo está sendo produzido para distribuição nas escolas. “As crianças são importantes multiplicadores das informações”, ressaltou Maciel. A Prefeitura segue monitorando os casos de dengue. Denúncias de possíveis focos de dengue podem ser feitas pela Central de Atendimento ao Cidadão (CAC) pelos telefones: 0800-510-1234 ou 3236-1079.
Entrevista / Letícia Azambuja Doutora em Entomologia da Ulbra
Qual a origem do mosquito da dengue?
O Aedes aegypti é originário do continente africano, foi disseminado através da navegação. A fêmea se alimenta de sangue e transmite o vírus causador da dengue. Precisa de sangue para a gestação dos ovos. As fêmeas colocam seus ovos em água limpa e parada ou em bromélias, bambus e buracos em árvores. Os machos se alimentam de seiva de plantas.
Por que os surtos de dengue têm aumentado nos últimos anos?
O que está propiciando a proliferação? A falta de saneamento básico é um dos fatores mais importantes, mais de 93 milhões de brasileiros (44%) não têm acesso à coleta de esgoto e isso favorece armazenamento de água parada. Altas de temperatura e chuvas mais frequentes também aumentam a proliferação do mosquito.
O que fazer para evitar o mosquito?
Usar repelentes de insetos é uma boa dica, assim como deixar as janelas fechadas após as 17 horas, usar armadilhas como as de fita adesiva ou outras armadilhas para insetos. É essencial evitar água acumulada em vasilhas, vasos de flores, entre outros objetos, pois a água é o principal repositório deovos. Qual é o ciclo de vida dos mosquitos? Os ovos se desenvolvem em larvas, pupas e se tornam adultos. Um ovo demora entre 7 e 10 dias para se tornar adulto, dependendo das condições ambientais favoráveis, por isso a importância de limpar reservatórios.
Qual é o ciclo de vida dos mosquitos?
Os ovos se desenvolvem em larvas, pupas e se tornam adultos. Um ovo demora entre 7 e 10 dias para se tornar adulto, dependendo das condições ambientais favoráveis, por isso a importância de limpar reservatórios.
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