SEM AVISO
"BUFO": Grupo xamânico é acusado de aplicar veneno de sapo proibido no Brasil
Participantes alegam que não foram avisados da ilegalidade da substância durante os rituais. Instituto é alvo de investigação da Polícia Civil
Última atualização: 26/03/2024 18:46
O Instituto Xamanismo Sete Raios é acusado de aplicar veneno do Bufo alvarius, sapo proibido no Brasil, em participantes durante rituais. Conforme o G1, uma das substâncias encontradas no veneno, popularmente conhecido como "bufo", é 5-MeO-DMT, um psicodélico que está na lista de proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Quando extraído, seca e é fumado em rituais e cerimônias ditas religiosas e espirituais.
Ao portal, a advogada Gabriela Augusta Silva, de Goiás, disse que passou a ter crises de pânico e de ansiedade, surtos psicóticos, problemas respiratórios e pensamentos suicidas após participar de um ritual oferecido pelo grupo. Segundo ela, o objetivo de sua ida a São Paulo em 21 de outubro de 2021 era aprofundar sua jornada espiritual.
Assim que inalou a substância, ela informou que perdeu a consciência e que, quando acordou, 30 minutos depois, não era mais a mesma. Gabriela afirmou que nunca teve qualquer tipo de questão envolvendo sua saúde mental, mas que chegou a ser internada em um hospital neurológico, frequenta psiquiatra e toma remédios controlados desde então. O conhecimento de que a substância era proibida no Brasil veio, no entanto, só quando procurou um médico.
Crime
Ainda segundo o G1, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos, do Ministério da Justiça, informa que "o uso de substâncias alucinógenas como a 5-MeO-DMT, retirada do sapo Bufo alvarius, é crime, uma vez que tal prática é proibida no País". A pasta afirma ainda que a fiscalização é atribuição da Polícia.
Alvo de investigação
A Polícia Civil de São Paulo investiga se há possível envolvimento do Instituto Xamanismo Sete Raios com tráfico de drogas. Outro inquérito chegou a ser aberto para apurar a prática de curandeirismo. Contudo, este segundo foi arquivado por falta de provas.
Gabriela entrou com uma ação de danos material e moral contra o grupo. Ao portal, o advogado dela, Auro Jayme informa que entre os crimes que podem ter sido cometidos estão charlatanismo, "pois eles anunciam cura por um meio secreto e infalível", e curandeirismo, "pois eles prescrevem, ministram ou aplicam, habilmente a substância".