ECONOMIA

Banco Central corta taxa de juros em 0,5 ponto; Fiergs diz que decisão "se justifica"

Selic passa de 13,75% para 13,25% ao ano; esta é a primeira queda em três anos

Publicado em: 02/08/2023 19:08
Última atualização: 02/08/2023 19:40

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (2) o primeiro corte de juros no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a redução da taxa básica (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 13,75% para 13,25% ao ano. Mais cedo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), já havia arriscado um corte de 0,5 ponto percentual. Segundo ele, o corte na Selic garantiria um corte importante nos juros do cartão de crédito.


Integrantes do Copom reunidos nesta quarta; à esquerda o presidente Roberto Campos Neto Foto: Raphael Ribeiro/BC

Com essa decisão, o Banco Central abre o ciclo de flexibilização monetária três anos depois do último movimento de queda da taxa básica. Em agosto de 2020, a Selic foi levada ao piso histórico de 2% em meio à pandemia de Covid-19.

SAIBA QUAL SERÁ O IMPACTO DO CORTE DOS JUROS NO CURTO PRAZO

A Selic ficou um ano parada no patamar de 13,75%, apesar da pressão do governo Lula e das críticas de empresários, depois de o BC ter promovido o mais longo choque de juros da história do Copom. Foram 12 aumentos consecutivos entre março de 2021 e agosto do ano passado, com elevação de 11,75 pontos percentuais.

O tamanho do corte feito pelo Copom não veio em linha com a expectativa majoritária do mercado financeiro, mas era considerado por parte dos economistas como uma possibilidade. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que a maioria dos analistas esperava uma queda de 0,25 ponto percentual, a 13,50% ao ano, enquanto uma parcela menor projetava uma redução de 0,5 ponto percentual.

A repercussão do corte da taxa de juros foi imediato. O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, afirma que a decisão "se justifica pois, ao longo do ano, as condições para o início do ciclo de cortes nos juros foram se materializando".

"Desde a última reunião do Copom, o cenário econômico brasileiro avançou de tal maneira a oportunizar o início do processo de flexibilização da Selic com segurança. Isso só foi possível devido à continuidade do processo de desinflação e uma série de fatores internos que impulsionaram a queda das expectativas de inflação, como a manutenção das suas metas e a aprovação da Reforma Tributária na Câmara", diz.

Segundo Petry, "o Banco Central age de forma assertiva nesse momento, baixando a taxa para 13,25% e trazendo alívio às atividades produtivas já muito penalizadas, abrindo caminho para a retomada da confiança do empresário industrial, novos investimentos e um Brasil em vias de crescimento".

Fecomércio/RS acredita em reflexos no curto prazo

O presidente da Fecomércio/RS, Luiz Carlos Bohn, também comentou a decisão do Copom. "Nos últimos 45 dias, apesar do aumento da incerteza no cenário internacional, especialmente ligada à evolução do preço dos alimentos, em linhas gerais acumulou-se uma série de elementos que sustentavam uma redução mais intensa da Selic", informou por meio de nota.

Segundo a entidade, "uma taxa de juros real tão elevada por um longo período de tempo pode ter impactos extremamente negativos para a economia, especialmente para aquelas atividades que são mais sensíveis à dinâmica dos juros, como é o caso da indústria e do comércio".

A expectativa é que este seja o início de um ciclo de queda dos juros e que isso "dê algum impulso à atividade no curto prazo". "Mas temos ciência de que a queda estrutural das taxas de juros no País está condicionada necessariamente a um controle mais efetivo das contas públicas e a outras reformas que enderecem aumento da produtividade da economia brasileira no médio e longo prazo", conclui a entidade.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
CategoriasBrasil
Matérias Relacionadas