SAÚDE
Após empresa romper contrato por falta de pagamento, usuários reclamam da ausência de médicos nas UPAs
Cerca de 100 profissionais deixaram de atuar nas unidades administradas pelo IB Saúde
Última atualização: 19/11/2024 20:40
Após a a empresa Medlife Serviços Médicos rescindir o contrato com a gestora das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Niterói, Rio Branco e Boqueirão, os atendimentos foram diretamente afetados. Cerca de 100 profissionais deixaram de atuar nas UPAs e Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Canoas.
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Segundo a Medlife, o rompimento da prestação de serviço junto à administradora das unidades, o Instituto Brasileiro de Saúde, Ensino, Pesquisa e Extensão para o Desenvolvimento Humano (IB Saúde), ocorre devido à falta de pagamento dos salários dos médicos. O valor estimado é de mais de R$ 5 milhões.
Em busca de atendimento para o filho, Sandra Regina Maria da Silva, 56 anos, classifica a saúde de Canoas como "morta". A moradora do bairro Estância Velha relata dificuldades para conseguir assistência na rede pública.
"Faltam médicos. A UPA Boqueirão estava lotada na segunda-feira [18]. Fui informada que levaria de seis a oito horas para meu filho ser atendido. Desistimos. Ele está com febre e ferimentos nas extremidades do corpo. Não sabemos o que pode ser", conta.
Mãe e filho voltaram a procurar atendimento nesta terça-feira (19).
"Tentamos consultar na UBS Estância Velha, mas não havia ficha e nem médico. Fomos até o Hospital Nossa Senhora das Graças. Ficamos duas horas aguardando. Quando chegou a vez, o médico olhou para o meu filho e disse que nada podia fazer. Sem explicação, ele o encaminhou para a UPA Boqueirão."
Até a tarde desta terça-feira, mãe e filho aguardavam atendimento na UPA Boqueirão. O fluxo de pessoas registrado nesta terça era menor que o dia anterior. No entanto, a espera por atendimento era superior a duas horas, segundo o paciente Guilherme da Costa Heinck, 20.
"Fui atendido por um clínico geral. Quem precisava de pediatra, eles encaminhavam para a UPA Caçapava porque não tinha nenhum profissional para atender as crianças", diz.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), responsável pela contratação e o repasse de valores para o IB Saúde, afirma que notificou o IB Saúde para que seja encontrada uma solução para a complementação dos profissionais. A situação, segundo a entidade, deverá ser normalizada nesta quarta-feira (20).
"Neste momento, todas as UPAs estão com cobertura clínica. Em relação aos atendimentos pediátricos, que hoje só estão ocorrendo na UPA Caçapava, os casos mais graves são encaminhados à retaguarda pediátrica do Hospital Universitário, até que a situação seja normalizada", diz o comunicado.
Até o fechamento desta matéria, o IB Saúde não retornou os questionamentos da reportagem.