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Acordo entre Brasil e Argentina pode deixar de fora o setor calçadista; entenda

Entidades avaliam acordo bilateral que pode ser definido ainda em setembro

Juliana Dias Nunes
Publicado em: 29/08/2023 às 18h:03 Última atualização: 31/08/2023 às 16h:34
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Um novo mecanismo de garantia das exportações brasileiras para a Argentina está em análise pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF). O acordo de US$ 600 milhões foi discutido na última segunda (28), durante a visita do ministro da Economia do país vizinho, Sergio Massa, a Brasília. Massa se reuniu com o ministro da Fazenda Fernando Haddad e foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Acordo entre Brasil e Argentina  pode não ser vantajoso para o mercado calçadista | Jornal NH



Acordo entre Brasil e Argentina pode não ser vantajoso para o mercado calçadista

Foto: Fernanda Klauck/divulgação

As negociações ocorrem em virtude da crise na Argentina que tem enfrentado uma escassez de dólares. O problema afetou as importações e exportações de ambos os países. Mas será que esta medida traria impactos positivos para a economia brasileira?

De acordo com o vice-presidente de Economia da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos (ACI-NH/CB/EV/DI), André Momberger, o acordo pode vir a beneficiar alguns setores como o automotivo, mas ainda assim, com ressalvas.

“Um dos modelos estudados no acordo é a troca por mercadorias do setor automotivo, na prática é como se fosse um importa e exporta”, observa. Momberger também alerta para a possibilidade da garantia, no caso de não se honrar os pagamentos, ser na moeda chinesa yuan, que seria convertida em real.

“O acordo pode fazer sentido para algumas empresas automotivas, mas vejo problema nesta questão da garantia, em caso de não honrar o pagamento. O exportador se sentiria seguro sabendo que a garantia é a moeda chinesa? Eu não me sinto. Me parece uma ginástica do arco da velha e quem paga a conta é o tesouro brasileiro”, alerta.

Para o setor calçadista os impactos devem ser pequenos.

“É importante destacar que a medida pode não surtir impacto significativo sobre a indústria calçadista. O Brasil exportou, em média, US$ 1,6 bilhão ao mês (todos os setores) para a Argentina, em 2023. Não obstante, o valor de garantia tende a assegurar a continuidade, especialmente, das exportações de alimentos e peças automotivas”, explica o presidente executivo da entidade, Haroldo Ferreira.

A definição do acordo bilateral deve ocorrer ainda em setembro e o Banco de Desenvolvimento da América Latina será o garantidor.

Entraves

A Argentina é o principal destino dos calçados brasileiros. Conforme dados da Abicalçados, nos sete primeiros meses de 2023, o Brasil exportou US$ 149,5 milhões, equivalentes a 9,4 milhões de pares, para a Argentina. Uma retração de 8,3%, em volume, no comparativo com mesmo período do ano anterior. Cerca de 20% do consumo de calçados na Argentina é originário de importações, e o Brasil, o principal exportador para o país.

Com a crise financeira e política enfrentada pela Argentina, o setor do couro e calçado tem sofrido as consequências. Uma das medidas que segue ativa é o pagamento em até 180 dias para as exportações,  além da demora de liberação das licenças (Siras). O problema tem afetado as relações comerciais entre os dois países e as entidades da região têm se mobilizado para reverter o cenário.

 “No momento, não há medidas neste sentido. Esperamos que em um segundo momento, acatem as pautas do setor calçadista”, diz o vice-presidente da ACI.

 

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