O júri popular do caso de Lucas Terra, adolescente de 14 anos que foi estuprado e queimado vivo em 2001, começou nesta terça-feira (25). A demora pela conclusão do caso, que completou 22 anos em março, gera revolta à família.
Ao G1, a mãe da vítima, Marion Terra, desabafa: “São 22 anos de impunidade, de abuso do tempo de espera. Esperar para que haja o julgamento de uma criança, todos esses anos, é ferir a nossa família todos os dias. Hoje, eu sinto como se não fosse uma vitória, porque quando passa muito tempo ela perde o efeito, mas eu quero que eles sejam julgados e que tenham pena máxima.”
Segundo o portal, naquele ano, o jovem flagrou uma relação sexual entre os pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva. O ato aconteceu dentro do templo da Igreja Universal do Reino de Deus, em Salvador.
Depois disso, a vítima foi estuprada e colocada em uma caixa de madeira. Terra foi queimado vivo em um terreno baldio com a ajuda do pastor Silva Galiza – que foi condenado, teve pena reduzida e acabou solto por liberdade condicional em 2012. Miranda e Aparecido são julgados nesta semana pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA), que ofereceu a denúncia à Justiça, não informou se eles também serão julgados pelo estupro. Na época, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) não constatou o crime nos exames de necropsia. Um dos advogados da família de Lucas Terra, Ricardo Sampaio, afirma que a acusação tem provas de que o estupro foi cometido e vai apresentá-las durante o julgamento.
A defesa dos pastores diz, em nota, estar convicta da inocência deles, e que não há provas ou indícios contra os dois pastores, Joel Miranda e Fernando Aparecido. A decisão está prevista para ser anunciada na sexta-feira (28).
Em nota, a Igreja Universal do Reino de Deus diz que “está completamente convicta quanto à inocência de Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda”.
Pai morreu em 2019
O pai do menino, Carlos Terra, era o símbolo de luta na cobrança da marcação do júri dos pastores. Ele fez vários protestos, chegou a acampar em frente ao Fórum Ruy Babosa – onde acontece o julgamento – em 2012. Ele morreu em fevereiro de 2019 após uma parada respiratória decorrente de uma cirrose hepática, diagnosticada um ano antes.
“É o momento de fechar esse ciclo, e de poder fazer aquilo que o Carlos não pode fazer. O Carlos acabou jogando a toalha, e adoeceu nessa caminhada. Eu lamento por ele, meu companheiro, não estar aqui”, diz a mãe de Lucas.
O que aconteceu com os pastores desde o crime?
Na época do crime, ainda conforme o G1, Miranda era pastor da Igreja Universal de Rio Vermelho, onde o estupro aconteceu. Depois do assassinato do adolescente, o homem foi para o Rio de Janeiro, onde comandava uma igreja até 2022.
Aparecido trabalhava no Templo da Pituba. Após, passou a comandar uma igreja em Minas Gerais.
Galiza foi o primeiro identificado pela Polícia, apontado como mentor da morte de Lucas. Ele denunciou os outros dois pastores durante seu julgamento, em 2007.
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