AGRONEGÓCIO EM DIFICULDADES
Tratoraço cobra ações de socorro para agricultores gaúchos
Movimento nesta quinta-feira (8) na capital gaúcha cobrou ações do governo federal para produtores rurais afetados pelas enchentes
Última atualização: 08/08/2024 20:50
Com a presença de representantes de entidades do agronegócio gaúcho, deputados federais, além do governador Eduardo Leite e do vice Gabriel Souza, o “tratoraço” realizado em Porto Alegre nesta quinta-feira (8) foi marcado por fortes cobranças ao governo federal. Articulado pelo Movimento SOS Agro, o evento que se concentrou no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (Harmonia) reuniu tanto representantes dos pequenos e grandes produtores.
“O que é noticiado é que saiu a medida provisória e está tudo resolvido”, resumiu um dos coordenadores do Movimento SOS Agro, Lucas Scheffer, em referência à Medida Provisória 1.247 editada pela União que trata sobre as ações de auxílio aos agricultores gaúchos.
“Mas hoje é muito difícil acessar a Medida Provisória, e essa é hoje a nossa principal cobrança nos senadores e deputados federais, que podem colocar emendas nesta Medida Provisória”, afirma Scheffer, reclamando das exigências burocráticas para acesso às condições especiais para negociação das dívidas dos produtores.
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Enquanto os debates se desenhavam na parte de dentro do parque, no lado de fora quem circulava pela Avenida Edvaldo Pereira Paiva, em frente à Orla do Guaíba, viu um estacionamento incomum para a capital. Mais de 300 tratores foram estacionados em fila indiana em frente ao Parque Harmonia. “A gente trouxe o trator para a capital para chamar a atenção”, explicou Scheffer.
Debate e pressão política
A presença de deputados federais e dos chefes do Executivo estadual tinha como objetivo pressionar os parlamentares a apresentarem emendas ao texto da MP 1.247.
Além das autoridades políticas eleitas, o palco também reuniu os presidentes da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), que representa os grandes produtores rurais gaúchos, e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), respectivamente Gedeão Pereira e Carlos Joel da Silva.
Essas presenças mostraram as diferenças ideológicas e políticas dos atores presentes. Gedeão fez questão de criticar o governo central. “Temos que tratar os produtores rurais não ideologicamente, temos que tratar como cadeia de produção. Esse governo está tendo dificuldade” afirmou o presidente da entidade, mais alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Gedão também fez uma estimativa pessimista em relação ao agro gaúcho ainda neste ano. “Pela primeira vez vislumbro a diminuição de área agrícola no Estado do Rio Grande do Sul”, comentou o dirigente.
Mais alinhado ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Carlos Joel usou a palavra para defender medidas adotadas pela União, mas fez questão de apontar limites diante do público. “Com a MP temos algo a nosso favor, mas a gente sabe que precisa mais e melhorar a MP.” Joel também cobrou facilidades de pagamento das dívidas para os produtores rurais. “Tem dinheiro sim, porque não tem um desenrola para o agricultor?”. questionou o presidente da Fetag.
Leite buscou minimizar os conflitos ideológicos entre as partes. “Não se trata de um movimento de oposição para fustigar, desgastar ou qualquer coisa, é um movimento de defesa do Rio Grande do Sul, de defesa do agronegócio”, afirmou para na sequência reforçar as cobranças à União.
“Esse ano que tínhamos a expectativa de termos o início de uma redenção nos deparamos com essa calamidade, e precisamos que olhem para gente. Não nos contentamos com o pouco entregue até agora”, disparou o governador.
Sem nenhum representante do governo ou dos deputados de situação, as críticas e cobranças ficaram sem nenhuma resposta direta durante o encontro.
Reivindicações do movimento
O Movimento SOS Agro defende uma série de medidas para auxiliar os produtores, quase todas vinculadas às dívidas dos mesmos com instituições financeiras e com insumos. São quatro as principais demandas dos produtores: perdão de dívidas para produtores com perda total, prorrogação de dívidas para produtores com danos parciais, linhas de crédito para reconstrução das propriedades e auxílio financeiro para as famílias atingidas.