EFEITO DA ENCHENTE

Prejuízos na suinocultura podem chegar a R$ 45 milhões no RS

Levantamento preliminar aponta perdas de suínos, infraestrutura e manejo

Publicado em: 20/05/2024 17:54
Última atualização: 20/05/2024 17:54

 À medida que a água da enchente baixa, ficam mais evidentes os prejuízos. Levantamento preliminar da Associação Brasileira de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) aponta que as perdas totais do setor devem ficar em torno de R$ 45 milhões.


Propriedade de Ivo Bernardo Mayer, morador de Tupandi, criador de suínos, afetado pela enchente, em maio de 2024 Foto: Prefeitura de Tupandi/Divulgação

O número pode variar, pondera o presidente da Acsurs, Valdecir Luís Folador, ao ressaltar que se trata de um levantamento preliminar, concluído no último dia 17. Além da perda direta de animais, seja por afogamento, seja pode deslizamentos e soterramento nas granjas, houve dificuldade para a alimentação.

Em regiões como o Vale do Taquari, por exemplo, o bloqueio de estradas impediu que as reações chegassem nas criações. Sendo assim, mesmo aqueles locais que não tiveram danos diretos da chuva, sofreram com o desabastecimento.

Folador lembra que houve um esforço imediato para retomar acessos às granjas e reconstruir caminhos para que os suínos não padecessem sem ração. Mesmo assim é de conhecimento da Acsurs que algumas propriedades tiveram de racionar a alimentação e outras até ficaram desabastecidas.

"Animais acabavam recebendo a ração bastante limitada diária, sofrendo restrição alimentar, para que não ficassem totalmente sem comer. Teve casos em que os animais ficaram totalmente sem comida, porque a ração tinha acabado nas granjas e não tinha como entregar", relata o presidente da Acrsurs.

Entidades aguardam vinda do ministro Favaro ao RS

A partir de agora, entidades representativas de produtores rurais, de todos os segmentos do agronegócio buscam alternativas para minimizar as perdas. Folador comenta que a Acsurs, ao lado de entidades como a Farsul e Fetag, por exemplo, tentam negociar condições para sanar dívidas de produtores rurais.

Folador diz que as entidades aguardam a visita do ministro da Agricultura e Pecuária Carlos Favaro ao Rio Grande do Sul, para tratar das demandas relacionadas à recuperação financeira dos produtores rurais. 

A reportagem entrou em contato com a assessoria do Ministério da Agricultura de Pecuária (Mapa) para conferir se há uma previsão da vinda do ministro Calor Fávaro ao Estado, mas até o fechamento desta notícia ainda não havia sido dado o retorno. 

Acsurs contabiliza as perdas 

De acordo com o levantamento da Acsurs, calcula-se que morreram em torno de 12.600 suínos em decorrência da chuva, por afogamento, deslizamento ou soterramento em granjas.

Dados enviados pelas integradoras e cooperativas de suínos à entidade dão conta de que os danos em instalações correspondem a um prejuízo de 25 mil metros quadrados de pocilgas danificadas total ou parcialmente, seja por deslizamento, seja por inundação.

"Hoje estariam comprometidas e não conseguiriam fazer mais produção de suínos. Isso dá mais de 30 propriedades de suinocultores atingidos", observa Folador.

Em números, a perda de animais seja entre R$ 10 milhões e R$ 13 milhões, de perdas diretas. Em instalações, estima-se que o prejuízo seja de R$ 30 milhões a R$ 35 milhões. O prejuízo total é estimado em R$ 45 milhões.

Sem auxílio, suinocultor não tem perspectiva de futuro na atividade

A propriedade do morador de Tupandi, Ivo Bernardo Mayer, 60 anos, em Vale do Reno, representa uma amostra da destruição causada pela enchente histórica do RS no setor primário. A pocilga onde 14 dias antes havia recebido 600 suínos da BRF - empresa integradora - foi completamente destruída. Mayer criava suínos em fase de terminação, os mais adultos, antes de irem para abate.


Animais tiveram de ser remanejados para outro local Foto: Prefeitura de Tupandi/Divulgação

A enxurrada matou grande parte dos animais, restando apenas 150 e destruiu as instalações. O criador diz que não sabe como seguir em frente sem auxílio. "É difícil, sem auxílio não temos como reconstruir. Estou com 60 anos e minha esposa com 61, já não temos mais idade e nem forças para recomeçar", lamenta o produtor que também vida da aposentadoria.

Mas apesar de toda a perda financeira, Mayer conforta-se com o fato de que a família se mantém unida. "Não está sendo fácil, era nossa principal fonte de renda mas a vida precisa seguir." 

As instalações na propriedade foram construídas em 2010, segundo informações da prefeitura de Tupandi. Em 2022, o local passou por novo investimento de R$ 100 mil, para tornar o serviço mais automatizado. Tudo se perdeu em segundos com a enxurrada.

 

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