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ENTREVISTA

Pesquisador da Ufrgs, Tales Tiecher fala sobre o trabalho para recuperação dos solos no RS

Publicação técnica tem por objetivo oferecer parâmetros para os trabalhos de preparo dos solos afetados pelas fortes chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul

SUSANA DA SILVA LEITE
Publicado em: 29/07/2024 às 19h:39 Última atualização: 29/07/2024 às 19h:40
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Tales Tiecher é professor no curso de Agronomia da Ufrgs | abc+



Tales Tiecher é professor no curso de Agronomia da Ufrgs

Foto: LinkedIn/Reprodução

Em entrevista ao ABC+, para o Caderno Agronegócio, o professor de Química do Solo do Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia da Ufrgs, Tales Tiecher, explica como foi o trabalho em parceria com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), a Emater-RS/Ascar e o Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia da Ufrgs. 

A elaboração da nota técnica sobre a recuperação dos solos foi um trabalho conjunto, com especialistas da Secretaria da Agricultura e da Universidade. Como foi essa troca de conhecimento?

Foi uma troca muito interessante e produtiva que aproximou profissionais da Secretaria da Agricultura e da Universidade para buscar, num primeiro momento, entender e conhecer os desafios que surgiram nas propriedades rurais atingidas pelas enchentes e, posteriormente, pensar em alternativas para sua recuperação.

A proposta é que o material sirva de embasamento para a recuperação das áreas de agricultura atingidas pela chuva/enchentes. Para quem esse material é destinado, diretamente para produtor rural ou para profissionais da área da agricultura, como agrônomos, etc?

O material foi pensado e escrito numa linguagem que fosse acessível para técnicos da área e produtores rurais. Mas nosso maior objetivo é que o material sirva de embasamento para técnicos e extensionistas tomarem decisões assertivas na reconstrução do estado, que ocorre em várias esferas, mas com o olhar para a base de todo sistema de produção de alimentos, que é o solo.

Os impactos nos solos agrícolas das regiões atingidas pelas enchentes de maio de 2024 são diversos e complexos, e muitas vezes ocorrendo mais de um tipo de impacto dentro da mesma propriedade. Essa situação extraordinária levanta muitas dúvidas e questionamentos sobre como e onde começar. A nossa tentativa por meio desse material foi nortear aspectos fundamentais para recuperação das áreas impactadas.

Está prevista a publicação de outras notas técnicas, o que será abordado nas próximas publicações?

Sim. O Departamento de Solos já está trabalhando em novas notas técnicas mais específicas direcionadas aos desafios nas sub-áreas da Ciência do Solo, tais como relacionados com a recuperação química e da fertilidade do solo, manejo e conservação do solo desde a escala de encosta até a escala de bacia hidrográfica, boas práticas de mecanização agrícola buscando a recuperação de propriedades físicas do solo, dentre outras.

Na sua opinião existe alguma tecnologia ou tipo de manejo que possa ser empregada na agricultura que previna ou minimize os efeitos de fortes chuvas, como ocorreu neste ano?

Sim, com certeza. Não é uma tecnologia isolada, mas sim um conjunto de práticas que vão desde a realocação de estradas na paisagem, o planejamento do uso do solo de acordo com sua aptidão agrícola, medidas de controle e manejo da água (ex.: uso de terraços e canais escoadouros), manejo e conservação do solo integrado entre as propriedades ao nível de bacia hidrográfica, uso de plantas de cobertura combinado com manejos conservacionistas do solo buscando aumentar a taxa de infiltração de água no solo, aumentar a diversidade de culturas no espaço e no tempo (rotação de culturas e diminuição de monocultivos), dentre outros. 

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