O Brasil aguarda o restabelecimento integral das exportações de carne de frango depois da eliminação do foco de doença de Newcastle no Rio Grande do Sul. O fim do foco foi comunicado no dia 25 de julho à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Além das barreiras sanitárias, sacrifício de todas as aves da granja onde houve o foco, o governo federal suspendeu preventivamente as exportações de carnes de aves e derivados. Essa medida segue protocolos firmados nos acordos comerciais previstos nos Certificados Sanitários Internacionais com mais de 40 países.
Até o momento, entidades do setor evitam em falar em crise e creem no trabalho das autoridades sanitárias. O Mapa restringiu a área de abrangência da emergência zoossanitária, limitando-a aos municípios que estão no raio de dez quilômetros a partir do foco confirmado: Anta Gorda, Doutor Ricardo, Putinga, Ilópolis e Relvado.
Projeção do pior cenário para as exportações
Projeções da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e Associação Gaúcha da Avicultura (Asgav) davam conta de que, no pior cenário, o País teria de 5% a 7% do volume das exportações de frango impactado. “No entanto, poderá haver países que aceitem flexibilizar, querendo suspender apenas as exportações das regiões afetas pela doença”, mencionou o presidente da ABPA, Ricardo Santin, em coletiva de imprensa realizada em 19 de julho.
Após a notificação do Mapa sobre a conclusão do caso isolado de Doença de Newcastle, a ABPA reforçou que o caso em Anta Gorda se mostrou pontual. “A rapidez e a transparência das ações, neste contexto, ajudam a reforçar a elevada biosseguridade que trouxeram o Brasil à liderança global das exportações de carne de frango”, informou a entidade.
Medidas adotadas para conter o foco da doença de Newcastle
Assim que ocorrência de morte foi comunicada ao Serviço Oficial de Serviço Veterinário Oficial do RS (SVO-RS), em 8 de julho, iniciou-se o protocolo de segurança. A previsão é de que essas barreiras sanitárias transcorram por duas semanas, período que começou a contar desde o último dia 17, quando houve a confirmação.
Conforme o presidente da ASGAV, José Eduardo dos Santos, a rápida notificação e tomada de ações pelas autoridades sanitárias federais e do Estado permitiram a visualização mais clara do quadro. “Identificou-se rapidamente o entorno da propriedade, foram feitas as análises, seguiu-se o monitoramento. Não há sinalizações de ampliações da ocorrência e, sim, apenas uma amostra identificada na testagem de uma situação pontual. Por tudo isso, esperamos que o restabelecimento da normalidade ocorra no curto prazo”, pontuou.
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Suspensões estão relacionadas à área ou regiões afetadas
A certificação para exportação é um acordo bilateral entre países parceiros, e por isso o Mapa revisou preventivamente os Certificados Sanitários Internacionais (CSI) de forma a atender às garantias e os requisitos acordados. Seguindo-se as regras internacionais de comércio de aves e seus produtos, a suspensão da certificação temporária é conduzida pelo Brasil, de forma a garantir a transparência do serviço oficial brasileiro, frente aos países importadores dos produtos.
Desta forma, as suspensões estão relacionadas a área ou região com impedimento de certificação, que varia desde a suspensão por pelo menos 21 dias para todo território nacional ou até mesmo a restrição circunscrita a um raio de 50Km do foco identificado.
Para países como República Popular da China, Argentina, Peru e México a suspensão vale para todo Brasil, por enquanto. Neste caso, os produtos com restrições são carnes de aves, carnes frescas de aves e seus derivados, ovos, carne para alimentação animal, matéria-prima de aves para fins opoterápicos (finalidade terapêutica ou medicinal), preparados de carne e produtos não tratados derivados de sangue.
Já do estado do Rio Grande do Sul, ficam restritas as exportações para África do Sul, Albânia, Arábia Saudita, Bolívia, Cazaquistão, Chile, Cuba, Egito, Filipinas, Geórgia, Hong Kong, Índia, Jordânia, Kosovo, Macedônia, Mianmar, Montenegro, Paraguai, Polinésia Francesa, Reino Unido, República Dominicana, Sri Lanka, Tailândia, Taiwan, Ucrânia, União Europeia, União Econômica Euroasiática, Uruguai, Vanuatu e Vietnã.
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Transmissão do vírus na planta do aviário
Informações apuradas até o momento dão conta de que o vírus detectado numa das amostras teria vindo, possivelmente, de uma pomba. Santin relatou na entrevista coletiva que o aviário em Anta Gorda havia sofrido avarias no telhado, causadas pelas chuvas. As aves, possivelmente, sofreram com queda de temperatura, podendo ter hipotermia. “Já estavam debilitadas”, disse Santin, ao mencionar que não seria possível afirmar que as mortes ocorreram pelo vírus de Newcastle. “As aves não tinham sintomas clínicos da doença. Houve uma mortandade e foram colhidas amostras para análise. Uma delas deu positiva para a doença”, afirmou.
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