CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard fez uma declaração sobre a importação de carnes de países do Mercosul, que provocou reações em entidades que representam o setor e no governo federal.
LEIA TAMBÉM: Cooperativa Piá apresentará estratégias de ação para 2025
Bompard disse, no último dia 20, que a rede de varejo francesa não iria mais comercializar carnes provenientes dos países que fazem parte do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), sob a alegação de que os produtos provenientes da América do Sul não atendem aos padrões exigidos pelo mercado francês.
Atualmente a França vive uma crescente pressão por parte de produtores rurais franceses sobre o acordo de livre comércio entre União Europeia e o Mercosul.
A posição de Bompart imediatamente repercutiu no Brasil. Em nova, o Ministério da Agricultura e Pecuária defendeu a qualidade e compromisso da agropecuária brasileira com a legislação e as boas práticas agrícolas, em consonância com as diretrizes internacionais. “Diante disso, rechaça as declarações do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, quanto às carnes produzidas pelos países do Mercosul.”
NA REGIÃO: Comunidades de Bom Princípio se preparam para a 11ª edição dos Jogos Rurais
O Brasil é o maior exportador de carne bovina e de aves no mundo, mantendo relações comerciais com aproximadamente 160 países. “O Mapa lamenta tal postura que, por questões protecionistas, influenciam negativamente o entendimento de consumidores sem quaisquer critérios técnicos que justifiquem tais declarações”, diz outro trecho da manifestação do Ministério.
Restrição se aplica apenas a lojas da França
O Carrefour França afirmou, em nota oficial, que o veto à venda de carnes do Mercosul é válido apenas para as unidades da rede varejista no país. “O Carrefour França informa que a medida anunciada no dia 20 de novembro se aplica apenas às lojas na França. Em nenhum momento ela se refere à qualidade do produto do Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em um contexto de crise”, disse o Carrefour França no dia 21. No comunicado, o grupo também ressaltou que não haverá mudanças nas atividades da companhia em outros países, incluindo o Brasil.
FIQUE POR DENTRO: Produção de laticínios orgânicos conquista espaço pelo diferencial no mercado
Aibec critica posicionamento sobre importação de carnes
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) lamentou a declaração do CEO do Carrefour. Segundo a Abiec, “tal posicionamento vai contra os princípios do livre mercado e é contraditório, vindo de uma empresa que opera cerca de 1.200 lojas no Brasil, abastecidas majoritariamente com carnes brasileiras, reconhecidas mundialmente por qualidade e segurança”.
“
Ao adotar um discurso protecionista em defesa dos produtores franceses, o Carrefour fragiliza seu próprio negócio e expõe o mercado europeu a riscos de abastecimento, já que a produção local não supre a demanda interna”, continuou a Abiec.
Criadores gaúchos rechaçam veto do Carrefour
No Rio Grande do Sul, entidades como o Instituto Desenvolve Pecuária e a associação de criadores de Brangus, por exemplo, também refutaram a posição do CEO do Carrefour. Para a entidade, essa decisão desconsidera a rigidez da legislação ambiental e sanitária brasileira, reconhecida como uma das mais avançadas e rigorosas do mundo.
“Decisões unilaterais como essa ignoram os avanços e esforços do Brasil em aliar desenvolvimento econômico com sustentabilidade, além de prejudicar injustamente milhares de produtores que seguem padrões elevados de conformidade”, informa a nota assinada pela presidente do Desenvolve Pecuária Antonia Scalzilli.
Os criadores de Brangus, em nota, ressaltaram o modo de criação dos bovinos de corte como uma atividade “alicerçada em terras que respeitam um dos mais rigorosos Códigos Florestais do Mundo e rebanhos selecionados para adaptação, redução de emissões e grande competitividade”, para justificar a contrariedade às restrições anunciadas pela rede Carrefour à produção agropecuária dos países do Mercosul. Para a associação Brangus, a “decisão tomada em suposta solidariedade aos produtores franceses é desmedida e desrespeitosa com todos os fornecedores do grupo Carrefour.”
*Com informações da Agência Estado.
LEIA TAMBÉM