AMOSTRAS DE UVA

Conheça o trabalho de laboratório que contribui para a qualidade do vinho gaúcho

Fiscais do Laboratório de Referência Enológica do RS atuam na coleta de amostras de uva a safra para analisar as características da fruta que servem de base para a fabricação de uva e sucos

Publicado em: 03/04/2024 14:14
Última atualização: 03/04/2024 14:15

A garantia da qualidade dos vinhos e sucos de uva produzidos no Rio Grande do Sul passa por análises no Laboratório de Referência Enológica do RS (Laren). Consiste num trabalho conhecido como microvinificação. Trata-se de  utilizar as amostras coletadas para produzir vinho em uma escala pequena. 


Fernanda, Liese, Rita e Daniele atuam no análise das uvas Foto: Fernanda Nascimento/ Arquivo pessoal

Cada amostra tem entre sete e oito quilos de uva e rende um garrafão com cerca de 4,5 litros. Nesta safra, o trabalho envolveu 40 fiscais da área vegetal, desde a organização do banco de dados, coletas nas diferentes regiões e execução da microvinificação no Laren. 

O número de amostras de uva coletadas pelos Fiscais Estaduais Agropecuários para microvinificação e análise no  Laren mais que dobrou em 20 anos. Em 2004, quando a atividade começou a ser realizada, foram coletadas 110 amostras. Com a expansão da produção no Estado, o número de amostras chegou a 273 em 2024.

Processo de análise das uvas

A partir das 273 amostras, o laboratório irá produzir mais de 1,2 mil litros de vinho. O objetivo é analisar os Padrões de Identidade e Qualidade (PIQ). “É um processo bem manual. Os resultados das análises vão servir de referência para a fiscalização”, explica a engenheira agrônoma Fernanda Varela Nascimento, Fiscal Estadual Agropecuária que atua no Laren.


Amostras de uvas coletadas para análise no Laren Foto: Fernanda Nascimento/ Arquivo pessoal

A partir destes parâmetros, é possível comparar valores que podem detectar fraudes como adição de água ou açúcar no vinho, por exemplo. “O açúcar produzido pela videira é diferente do que é produzido pela cana-de-açúcar”, enfatiza a servidora. Por meio deste banco de dados é possível conferir a qualidade e a autenticidade do vinho e do suco produzidos no RS.

Coletas são feitas nas propriedades e nas vinícolas

A coleta das amostras de uvas começa em janeiro e se encerra em março. Esta etapa do trabalho é feita de duas formas: no Interior, os fiscais costumam coletar diretamente na propriedade, enquanto na Serra, que é a maior região produtora no Estado, a coleta é feita nas vinícolas.

Na regional de Caxias do Sul, o trabalho é realizado em 20 municípios. Nesta safra, foram 220 amostras de 40 diferentes cultivares. “A coleta nas vinícolas é mais usual porque permite focar nas variedades que já estão maduras e prontas para microvinificação”, explica o Fiscal Estadual Agropecuário Vinicius Grasseli, que atua na inspetoria de defesa agropecuária de Bento Gonçalves.


Microvinificação é o processo que permite o reconhecimento da qualidade dos produtos Foto: Fernando Dias/Divulgação

Do outro lado do Estado, a Fiscal Estadual Agropecuária Debora Tonon, de Uruguaiana, coletou uma amostra da variedade Cabernet Suavignon nesta safra. A atividade foi realizada na propriedade, em fevereiro. A responsabilidade é compartilhada com colegas da regional Santana do Livramento, que coletaram amostras de outras cultivares em outros municípios.

“Vemos uma grande mobilização entre os fiscais da área vegetal para o cumprimento do plano amostral da safra. Há servidores que percorrem mais de 600 quilômetros para finalizar a entrega do material no Laren, em Caxias do Sul, para preservar as características bioquímicas das amostras”, destaca o presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do RS (Afagro), Paulo Ferronato. As janelas de colheita variam de acordo com a cultivar, influenciadas por fatores como maturação de bagas, condições climáticas locais e práticas de manejo. “Os fiscais ficam de prontidão para, no momento exato da colheita, agirem”, acrescenta o dirigente.

A Fiscal Estadual Agropecuária Fabíola Boscaini Lopes, chefe da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Secretaria da Agricultura, destaca que, por meio da microvinificação é possível ter um padrão para cada região e variedade produzida no Estado. A servidora ressalta que este banco de dados é inédito no País. “O Rio Grande do Sul sempre controlou a produção de vinhos, desde a década de 1940, quando os laboratórios anteriores ao Laren faziam análises mais básicas”, recorda.

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